O post de hoje é sobre o “Ato médico”, mais um capítulo desse projeto de lei controverso e polêmico que insiste na subvalorização das outras áreas da Saúde em detrimento da Medicina. Esse projeto se aprovado irá ser um retrocesso aos tratamentos multidisciplinares em todo o âmbito da saúde. Perdem principalmente as pessoas que utilizam deses serviços.
Segue abaixo um texto do psicanalista Cristian Dunker, um vídeo sobre o movimento contra o Ato médico e um link de abaixo-assinado para a Presidente Dilma vetar esse projeto.
A paixão diagnóstica – por Christian Ingo Lenz Dunker *
O ato médico considera que a formação em medicina oferece tanta qualificação em psicopatologia quanto a de psicologia habilita à interpretação de exames de fezes
O projeto é inaceitável em inúmeros sentidos, e a cláusula da exclusividade diagnóstica deve ser revista. A maior parte dos quadros psicopatológicos constantes na Classificação Internacional de Doenças (CID) ou no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM) pode ser facilmente objeto de investigação clínica, por quem quer que se dedique à matéria com rigor e método na disciplina clínica e universitária. Grande parte dos distúrbios, porém, não tem etiologia específica descrita e comprovada. Há ainda um truque deslavado de retórica falaciosa. O texto se refere a “dois de três critérios”, só que o terceiro é duplo: “alteração anatômica ou psicopatológica”. A presença da expressão alteração psicopatológica como condição de um diagnóstico nosológico denega que as doenças mentais sejam doenças como quaisquer outras. Onde estão os exames, os procedimentos e as análises laboratoriais que nos fariam comprovar etiológica ou anatomicamente as alterações de um transtorno como o bipolar, ou dissociativo ou uma anorexia nervosa? Qual especificidade semiológica dos sinais e sintomas psicopatológicos seria inacessível aos psicólogos? A formação médica mediana oferece tanta qualificação em matéria de psicopatologia quanto aquela em psicologia nos habilita a interpretar um exame de fezes. O terceiro arremedo sofístico e tautológico da questão aparece na distinção entre diagnóstico médico e diagnóstico psicológico. Ou seja, se está a separar o diagnóstico por quem o faz e não pela sua natureza mesma enquanto prática clínica. O paciente não sofre de um mal psíquico ou orgânico – ele sofre. A psicopatologia é a área que tem estudado esta forma específica de sofrimento há mais de um século. Confundir método com objeto é um erro imperdoável, principalmente quando se quer promulgar uma lei.
http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N20540
Abraços.
Até!!!
Se esse ato médico for aceito vão ver o quebra pau que vai ter nas ruas sabemos ser finas mas também sabemos ser chave de cadeia..