Capoeira

O post de hoje é  uma pequena reflexão (talvez mais questionamentos) sobre a Capoeira, arte marcial genuinamente brasileira. Mistura de ginga, dança, música e luta. Criada pelos    escravos como forma de resistência ao sofrimento nas senzalas.

Você sabia que a capoeira e o futebol são as únicas modalidades esportivas presente em todos os estados da Federação?

CapoeiraEscolhi trazer esse tema a esse espaço, porque frenquentemente fala-se nos meios de comunicação a respeito da inclusão de elementos de nossa cultura ao ensino formal para complemento da educação.

A fama dos brasileiros de modo geral é que  somos um povo “sem memória”, que “valoriza pouco” a sua própria cultura e diversidade e que até desconhece a mesma. Talvez, pelo fato de nossa colonização ter sido extremamente exploratória, enfatizando mais o que é de fora do país, de alguma maneira isso está enraizado em nossa sociedade.  Uma das maneiras de amenizar isso é incentivar o acesso a nossa história, a nossa formação social que é peculiar.

O Judô no Japão está presente nas escolas, é um símbolo do povo japonês. A grande maioria dos habitantes de lá já tiveram pelo menos um contato mínimo com a modalidade. Por que não utilizar a Capoeira nas nossas escolas públicas como complemento curricular das aulas de Educação Física? Não só como prática corporal e de lazer mas, principalmente para agregar as outras disciplinas.

A capoeira possui muitos elementos pedagógicos em sua prática que são próprios da  nossa identidade e formação social. O capoeirista não aprende só os movimentos acrobáticos, a ginga e a luta em si. Ele têm de tocar instrumentos de percussão  (pandeiro, atabaque e berimbau), aprende a cantar as ladainhas. O capoeirista aprende a respeitar aos mais velhos e cultuar seus antepassados, essa é a base de sua filosofia. O jogo de capoeira é lúdico, isso facilita a assimilação de ensinamentos. É uma prática que traz conteúdos de sociologia, de história do brasil,  da música, de religiosidade, etc.

A Capoeira ultrapassou as fronteiras nacionais, está se globalizando. É febre na Europa e na Argentina. Existe grupos na Austrália, há muitas academias nos Estados Unidos, no Canadá e até no Japão.

Por fim, ficam alguns questionamentos: será que a capoeira não tem o espaço e o respeito merecido, justamente por ser uma manifestação cultural desenvolvida primordialmente pelos afro-descendentes? Será que esses aspectos têm relação com a falta de políticas públicas de incentivo? Uma coisa é fato! Nossa sociedade, infelizmente,  ainda é carregada de preconceitos e estereótipos, por isso, a capoeira ainda é “marginalizada”.

Salve Mestre Bimba e Mestre Pastinha.

Referências:

Capoeira: arte marcial brasileira. José Augusto Maciel Torres e Carlos Alberto Conceição dos Santos. Coleção Artes Marciais, editora on line.

Um abraço.

Até!!!

5 comentários em “Capoeira”

  1. Pingback: Iêêêêê!!! « Projete Liberdade Capoeira

  2. Parabéns pela ótima iniciativa do texto e do propósito. E, por isso, me permita um comentário. Não há referência concreta sobre o uso da capoeira por escravos nas senzalas como instrumento de resistência à escravidão. A mais antiga (1789), e centenas de outras a partir desta, citam a prática de “luta” (desordem e violência física) conhecida como capoeira feita em centros urbanos, principalmente a cidade do Rio de Janeiro e não em senzalas, fazendas, meio rural, e sempre associada à marginalidade: os Boletins de Ocorrência policiais são as fontes históricas mais antigas da capoeira. Outro ponto é acreditar que, por si só, a prática da capoeira seja um instrumento pedagógico e de ação social. Não parece estranho que algo tenha surgido como violência e agressão e que hoje se transforme em instrumento pedagógico? A meu ver, isso só é possível pelas mãos de um professor de Educação Física ou Mestre de capoeira imbuído deste propósito. A capoeira não existe! É uma prática cultural e assim, construída por pessoas. Estas pessoas é que vão usá-la como instrumento de agressão, violência ou lúdico, integrador, educacional e de desenvolvimento físico e motor. Há que se preocupar mais com o capoeira do que com a capoeira.

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