Dando continuidade a sessão “Quem faz a Psicologia do Esporte?” O Blog tem o prazer de entrevistar a Psicóloga do Esporte, Daniele Seda que atua em diferentes locais no Rio de Janeiro.
“O psicólogo do esporte necessita mostrar qualidade, atualização, flexibilidade e competência pra trabalhar de forma interdisciplinar”
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Blog – Qual a sua formação acadêmica?
Daniele: Possuo a formação em Psicologia pela UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, atualmente curso a graduação em Educação Física pela mesma Instituição e o Mestrado em Psicologia Social no PPGPS-UERJ.
Blog – Como e por quê decidiu atuar com a Psicologia do Esporte? Quais áreas você atua?
Daniele: Quando fui atleta senti falta de um profissional qualificado nesta área compondo a Comissão Técnica, principalmente pela dificuldade que tinha em acerta lances livres. Daí decidi cursar Psicologia e atuar nesta área.
Atualmente trabalho em um Projeto bem abrangente, na Vila Olímpica da Mangueira. Trabalho com a Psicologia do Esporte na iniciação esportiva, nos projetos sociais e no esporte de rendimento. Atuo com as modalidades de Natação, Ginástica Rítmica, Futebol, Futsal, Basquete e Atletismo. Estou mais presente nestas duas últimas modalidades por terem o foco de alto rendimento. Considero também que atuo com a promoção do trabalho do Psicólogo do Esporte através de minhas inserções no CRP-05 como colaboradora e como membro da atual gestão da ABRAPESP. Por conta do meu Mestrado também atuo com Pesquisa em psicologia do esporte.
Blog – Comente sobre o projeto vila olímpica da mangueira? Que tipo de trabalho esse projeto desenvolve?
Daniele – O Programa Social da Mangueira existe há 21 anos. Atende mais de 3.000 pessoas, integrando atividades esportivas, educacionais e profissionalizantes. Com base no conceito do atendimento integral, o Programa Social passou a contar com unidades de saúde que buscam o bem-estar e a qualidade de vida da comunidade.
Casa lar mangueira (Programa para pessoa portadora de deficiência); Escola Tia Neuma; Ciep Nação Mangueirense; Projeto faz-tudo; Vila olímpica – esportes para todas as idades.
O Programa Social da Mangueira possui diferentes áreas de atuação em saúde: Psicologia, Fisioterapia, Serviço Social , Fonoaudiologia e o Posto Médico.
O Setor de Psicologia que é coordenado por mim, é composto por mais duas psicólogas, Elisabeth e Cristiane, e mais dois estagiários. Nosso público-alvo, são: crianças, adolescentes, adultos e idosos divididos em diferentes subgrupos. Portadores de deficiência, Alunos do CIEP, Alunos de iniciação esportiva e Atletas.
Ficando a parte de rendimento esportivo concentrada em meu trabalho e a de iniciação compartilhada com as psicólogas e uma das estagiárias.
Blog – Sua abordagem teórica é diferente das abordagens mais tradicionais da Psicologia. Comente sobre a sua intervenção. Você sente algum tipo de resistência com relação ao modelo de intervenção que utiliza na sua prática profissional?
Daniele: Diria que minha abordagem que é Estratégica e se distancia das abordagens mais tradicionais da Psicologia Geral. Porém, se aproxima das abordagens da Psicologia do esporte. Afinal o que utilizo preconiza o cortar sob medida e o pacing, na realidade fala de criar um “leito” para cada atendido e não encaixá-lo em certos padrões como Procusto fazia. De certo modo fazemos um pouco disso ao nos adaptarmos a cada modalidade, cada Comissão Técnica, cada atleta. A abordagem me facilita, pois é facilmente aceita por todos. Com uma ressalva: a Hipnose, ainda é muito remetida àquela Hipnose de palco, onde o hipnotizador detém todo controle do hipnotizado, por isso antes me cabe um papel didático de elucidar do que se trata e dos benefícios. Depois dessa etapa inicial, torna-se uma ferramenta bem compreendida.
Blog – Com relação a Hipnoterapia Erickssoniana ela basicamente, é diferente de técnicas de treinamento mental, ou complementos das mesmas em sua atuação com atletas?
Daniele: Utilizo a Hipnose como recurso não como diretriz única de trabalho.
Vejo a Hipnose como uma técnica de treinamento mental, mas por propiciar um EAC (estado amplificado de consciência), otimiza e muito os resultados.
Blog- Qual o cenário atual da Psicologia do Esporte no Rio de Janeiro em vésperas dos Jogos Olímpicos de 2016?
Daniele: Não percebi mudanças na ponta, nas Instituições Desportivas. Mas existe um movimento do próprio COB, que é o Laboratório Olímpico que possui dois vieses, um de pesquisa e um de intervenção com atletas que se supõe estarem em Londres e aqui no Rio. Espero que essa iniciativa se espalhe pelas confederações, federações e chegue na ponta, nos atletas. É um campo que percebo que ganhará espaço e importância, primeiramente pelo número de atletas e modalidades (todas estarão classificados para os Jogos). Sabemos que podemos contribuir com o esporte ao realizar um trabalho de desenvolvimento psicológico com os atletas e comissões técnicas.
Blog – Na sua opinião o que você acha que falta para a Psicologia do Esporte ter o reconhecimento merecido entre o meio esportivo?
Daniele: Legitimidade dentro do Esporte. Quanto a isso faço uma mea culpa, pois penso que depende nós valorizarmos a nossa profissão. E como podemos fazer isso? Primeiramente elucidando o que fazemos, depois comprovando que nosso serviço traz benefícios aos atletas e de tabela à Instituição que este representa ou é patrocinado. O psicólogo do esporte necessita mostrar qualidade, atualização, flexibilidade e competência pra trabalhar de forma interdisciplinar. Passos estes que muitos de nós temos realizando com sucesso. Penso que para esses movimentos isolados crescerem é um trabalho mais cooperativo entre nossa própria categoria e menos competitivo.
Blog – Deseja divulgar alguma coisa com os leitores do blog?
Daniele: Há pouco, escrevi em conjunto com outros autores, Louise Borba e a Adriana Amaral, um capítulo discutindo o diálogo entre Formação, Esporte e Sistema Conselhos em um livro intitulado: Formação: ética e subjetividades na Psicologia editado pelo próprio 05. Havendo o interesse e dependendo da demanda pode ser solicitado pelo Conselho ou por nosso intermédio.
Quero deixar um lembrete para que os psicólogos do esporte se informem em seus respectivos Conselhos Regionais da data do seu Ciclo CREPOP acerca dos colegas que trabalham em Políticas Públicas com Esporte para assim participarem de tal evento.
O email de contato da Daniele é: danieleseda@yahoo.com.br
Abraços.
Até !!!
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