O blog entrevistou a jogadora da seleção feminina de Rugby, Mariana Ramalho. Mari é minha colega de trabalho no Instituto Rugby para Todos, projeto social que atende crianças e jovens da comunidade Paraisópolis em São Paulo.
“O Rugby é um esporte que forma famílias. Os times formam um círculos de amigos muito forte, onde tudo o que se faz fora do campo é muitas vezes feito com quem faz parte deste time.”
Blog – Quanto tempo joga Rugby? Como iniciou na modalidade?
Mari: Comecei a jogar rugby em 2002 quando tinha 15 anos de idade. Fui apresentada ao esporte pelos meus vizinhos que jogavam rugby no SPAC (São Paulo Atlhetic Club), clube onde pratico o esporte desde então.
Blog – Algumas pessoas acham o que o rugby é um esporte muito violento. Muitas pessoas não acreditam que essa modalidade pode ser praticada por mulheres. O que você pensa sobre isso?
Mari: Não acho certo pensar que exista esportes em que apenas um gênero possa praticar. Todo esporte pode ser praticado por ambos os sexos, se ele sofrerá alguma adaptação para a que a pratica aconteça de uma melhor forma, que assim seja, mas impedir pessoas de praticar um esporte não deve acontecer. Não acho que o Rugby seja um esporte violento, até mesmo as crianças podem praticar o esporte tendo as devidas adaptações. Depende muito do ponto de vista. Um jogo de futebol onde os jogadores estão sujeitos a carrinhos e chutes na canela não é considerado um esporte violento. Existe um contato físico no rugby, mas os jogadores são preparados para tal, aprendendo a proteger seu corpo nas diversas situações do jogo.
Blog– O rugby nacional ainda é um esporte amador no país, porém a seleção feminina obtém resultados expressivos. Como você vê o momento atual do rugby feminino? Na sua opinião o que precisa para o rugby alavancar e se tornar um esporte mais popular?
Mari: Jogo rugby há 8 anos. No início quando eu falava que jogava rugby já aconteceu de me perguntarem se era ‘aquele com cavalos?’. Hoje quando falo que jogo rugby as pessoas já identificam o esporte, sabem que tem semelhanças com o futebol americano, mas a maioria ainda não o conhece profundamente, confundem com Handebol. O Rugby feminino na modalidade seven’s, é a nossa especialidade. Mas isso acontece pelo esporte não ser muito difundido no brasil, pois acredito que se tivéssemos em todos os times meninas suficientes para jogar o Rugby Union (15 contra 15), e com o devido treinamento, também nos mostraríamos capazes em competir mundialmente. Para todo e qualquer esporte amador, o que se precisa para crescer é uma boa divulgação e um forte apoio, principalmente financeiro, para que os praticantes tenham a possibilidade de competir no exterior, onde o esporte já é melhor difundido.
Blog – Como é trabalhar num projeto social que tem o rugby como ferramenta para educação de crianças e jovens pobres?
Mari: Trabalhar com projetos sociais, com crianças carentes, é o trabalho mais recompensador de todos. Se atribuirmos isso com o Rugby, que para mim é o esporte que mais agrega valor a quem pratica, esta satisfação apenas cresce. Ensinar rugby à crianças carentes é transmitir o espírito do Rugby. Trabalho em Equipe, altruísmo, companheirismo, respeito pelo adversário, jogo limpo, amor pelo esporte e por quem o pratica são bases do espírito do rugby.
Blog – Você tem algum objetivo como atleta? Qual é?
Mari: Meu objetivo como atleta é poder jogar até não poder mais, seja representando o meu clube, seja o brasil e ajudar o rugby a crescer.
Blog – Você já teve experiencia com a psicologia do esporte? O que você pensa sobre isso?
Mari: Um acompanhamento psicológico com os atletas é fundamental para um melhor desempenho. Já perdemos jogos pela falta de concentração do time. As vezes um acontecimento ruim pode abalar as jogadoras fazendo com que nosso rendimento caia nos levando a atitudes não pensadas. Para se jogar rugby é preciso ter uma mente calma, porém de raciocínio muito rápido, pois temos pouco tempo para decidir o que fazer com, ou sem, a bola de acordo com o que temos de oposição.
Blog – Você já defendeu o país em campeonatos internacionais. Quais são suas dificuldades num esporte pouco desenvolvido no país? Você possui algum tipo de auxílio (patrocínio, bolsa atleta, etc)?
Mari: Antes tínhamos que arcar com todas as despesas dos campeonatos nacionais e internacionais, o que muitas vezes nos impossibilitava de participar de algum campeonato pelo alto custo. Hoje, não são todas as atletas, mas temos sim uma ajuda de custo pelo Programa Bolsa Atleta e agora que o Rugby se tornou olímpico, estão aparecendo patrocinadores que nos ajudam a participar de competições internacionais.
Blog – O Rugby também é conhecido pela sua filosofia, dentro e fora de campo. Como isso é exercido na prática?
Mari: O Rugby é um esporte que forma famílias. Os times formam um círculos de amigos muito forte, onde tudo o que se faz fora do campo é muitas vezes feito com quem faz parte deste time. Ir no cinema, balada, sair para almoçar, todos os tipos de festas e reuniões acontecem com este círculo de amigos, praticantes ou agregados do Rugby.
Abraços.
Até !!!