Uma pesquisa recente verificou após analisar a trajetória esportiva de diversos atletas, quais foram as principais habilidades psicológicas que levaram os mesmos a se tornarem medalhistas olímpicos.
Essa pesquisa foi conduzida pela psicóloga canadense, Natalie Durand-Bush e seus colegas na revista científica, Journal of Applied Sport Psychology em abril de 2022. O estudo é o, The Gold Medal Profile for Sport Psychology (GMP SP). Os autores verificaram a trajetória de medalhistas olímpicos no Canadá para conduzir esse estudo.
Além das competências psicológicas que os autores identificam (irei comentar mais abaixo sobre as mesmas) o que me chamou a atenção nesse estudo foram os seguintes aspectos (em tradução livre):
“O projeto atual seguiu um processo de investigação colaborativo, flexível e democrático impulsionado pelo objetivo de estabelecer uma estrutura de competências de desempenho mental mensuráveis que fosse (a) fundamentada no conhecimento atual, (b) conceituada de uma forma que fosse prontamente acessível para treinadores, atletas e outras partes interessadas do esporte, e (c) refletir sobre questões relevantes para o sistema esportivo canadense.”
Com base nesse estudo, é possível construir estratégias para o desenvolvimento psicológico de atletas com diferentes profissionais e talvez possa ser replicado em outros contextos, como na realidade do esporte brasileiro.
As 11 principais habilidades psicológicas
Os autores separam as habilidades psicológicas em 3 Competências (Competências Fundamentais, Competências de Autorregulação e Competências Interpessoais). Cada competência psicológica agrupa diferentes habilidades que se inter-relacionam e se fortalecem.
(a) competências fundamentais (motivação, confiança, resiliência);
(b) competências de autorregulação (autoconsciência, gestão do estresse, regulação da emoção e da excitação, controle atencional);
(c) competências interpessoais (relação treinador atleta, liderança, trabalho em equipe, comunicação).
“As competências fundamentais estão em ouro, as competências de autorregulação estão em prata e as competências interpessoais estão em bronze. As competências fundamentais ouro servem como base do ‘Perfil Psicológico para a Medalha de Ouro’ e devem ser desenvolvidas e mantidas para alcançar um desempenho consistente de alto nível. Por exemplo, os atletas devem identificar e manter-se ligados aos motivos ou razões que os habilitam a praticar esporte de alto rendimento (motivação). Além disso, eles devem acreditar em sua capacidade de melhorar e alcançar o sucesso (confiança) e ser capazes de perseverar e se recuperar de inevitáveis contratempos e adversidades inerentes ao esporte de elite (resiliência). Sem confiança, motivação e resiliência, os atletas podem não ter os principais ingredientes (ou seja, crenças automotivacionais robustas) para se engajar em uma autorregulação efetiva (competências de autorregulação), particularmente diante de desafios que podem levar a contratempos e esgotamento.”
Essas 3 competências indicadas no estudo me remete a questão de que é imprescindível para o sucesso no esporte o desenvolvimento pessoal e o autoconhecimento. Em qualquer uma das competências ter consciência dos processos internos (emoções, sentimentos positivos e negativos) são essenciais para alcançar qualquer grande objetivo esportivo e também para lidar com as adversidades que essa carreira irá propiciar inegavelmente. “Isso sugere que habilidades psicológicas e processos de autorregulação são necessários para um desempenho completo e adaptação com sucesso aos ambientes esportivos e devem ser integrados aos modelos de desempenho mental.”
Saúde Mental
A saúde mental é um construto abrangente que influencia a obtenção do desempenho mental e atlético. É um recurso importante para os atletas em relação ao seu desempenho e desenvolvimento“, essa é uma das frases marcantes desse estudo. Vou além, atualmente sem saúde mental equilibrada não é possível ser um grande atleta ou ser uma pessoa vencedora. Sucesso e saúde mental andam lado a lado ou melhor um depende do outro.
Sabemos que para ser um atleta de alto nível têm um custo físico e emocional muito alto, mas esses ‘sacrifícios pessoais’ não podem ser mais a qualquer custo. O ser humano deve estar sempre em primeiro lugar.
Referências:
Natalie Durand-Bush, Joseph Baker, Frank van den Berg, Véronique Richard & Gordon A. Bloom (2022) The Gold Medal Profile for Sport Psychology (GMP-SP), Journal of Applied Sport Psychology, DOI: 10.1080/10413200.2022.2055224
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