Infelizmente a noticia de mais uma morte por intolerância ocorre no futebol brasileiro. Mais uma pessoa perdeu a vida por vestir uma camiseta de futebol diferente de seus rivais.
O futebol, símbolo brasileiro e paixão mundial está nas paginas policiais devido ao fanatismo externo de alguns torcedores.
A torcida faz parte do esporte é um elemento importante nesse contexto. Qualquer torcida tem o poder de motivar os atletas, de ajudá-los a sentir acolhidos e amados o contrário também é reciproco na mesma proporcionalidade. Esses aspectos deveriam ser exercidos com respeito e tolerância, aos atletas e aos rivais. Nem sempre isso acontece no futebol.
O esporte só acontece com a presença de pelo menos outra pessoa para competir. Portanto, o esporte por si só necessita de sociabilidade. Um clube só é grande porque existe outro clube com a mesma grandeza que é seu adversário. O mesmo raciocínio ocorre com qualquer grande atleta em sua carreira. Somente pessoas com fanatismo fundamentalista acreditam que outra pessoa vestindo uma camiseta diferente da sua é seu inimigo e precisa ser aniquilado. Isso é patológico.
Segundo o jornalista Juca Kfouri,
“nos últimos dez anos, foram 42 mortes; nos últimos cinco, foram 28, e nos últimos dois, foram 14, ou seja, uma escala crescente” .
Com a omissão passiva de clubes e a sensação de impunidade (algo bem típico de nossa sociedade). É clichê dizer que o conflito se dá somente por rapazes vindo da periferia, quando esse fenômeno atinge todas as classes sociais.
O artigo 927 do Código Civil, diz:
‘As agremiações esportivas são objetivamente responsáveis por danos causados a terceiros pelas torcidas organizadas, agindo nessa qualidade, quando, de qualquer modo, as financiem ou custeiem, direta ou indiretamente, total ou parcialmente.”
Para o jornalista, Mauro Cezar Pereira,
” Há um certo descaso do Poder Público quanto ao tema, inteligência para a Polícia não falta, falta colocar em prática essa inteligência e criminalizar os vândalos e arruaceiros. Simplesmente proibir as torcidas organizadas de utilizar seus uniformes em jogos, ou fechar as mesmas é generalizar, há pessoas de bem nas torcidas organizadas que não se metem em confusão. Adaptar o modelo inglês a nossa realidade pode ser uma saída. Quem assisti ao futebol inglês hoje e observa sua organização dentro e fora de campo, não acredita que 30 anos atrás havia mortes com frequência nos jogos envolvendo times ingleses”.
Para analisar a violência, agressividade e o fanatismo de grupos, Freud já nos presenteou com esses temas em suas obras ( Mal estar na civilização e Psicologia das Massas e Análise do eu), bem como, outro psicanalista, Wilhem Reich, escreveu sobre ” A Psicologia de Massas do Fascismo”. Sobre hooliganismo, o livro “Entre Vândalos” do escritor inglês, Bill Buford mostra a vivência real do autor entre torcedores. Vários estudos foram desenvolvidos na sociologia e psicologia social sobre o totalitarismo, fundamentalismo, onde podemos enquadrar esses episódios que tristemente se repetem.
Recentemente, Steven Pinker, em seu livro “The Better Angels of Our Nature“, escreveu que:
“95% das culturas do planeta chancelam explicitamente a vingança, que está presente em todos os episódios de guerra tribal até hoje estudados. Mesmo no mundo desenvolvido, ela responde por algo entre 10% e 20% dos homicídios. Sempre que a vingança é dirigida contra um grupo específico e não um indivíduo, temos, na melhor das hipóteses, enfrentamentos urbanos. Quando um dos lados é mais fraco que o outro, o resultado costuma ser um genocídio.”
Em pleno sec. 21 a sociedade brasileira não pode mais tolerar a banalização da morte seja no altíssimo número de homicídios, seja no transito ou no futebol. Estamos cansados de tantas tragédias evitáveis e de tanta violência.
Basta !!!
Referencias:
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Abraços…
Até!!!