No esporte de rendimento as etapas de treinamento são denominadas de Periodização, ou seja, divide-se os períodos de treinamento em diferentes fases e o planejamento das ações em determinados momentos da temporada. Dessa maneira, é importante pensar em ciclos durante o ano e as habilidades que devem ser ensinadas e treinadas em cada etapa. Segundo Matveiev (1977), periodização é o planejamento geral e detalhado do tempo disponível para o treinamento, de acordo com os objetivos intermediários perfeitamente estabelecidos, respeitando-se os princípios científicos do exercício desportivo.
Cada modalidade tem suas demandas peculiares. A Periodização deve ser executada com metodologia interdisciplinar contando com a contribuição de todas as áreas que compõem uma comissão técnica, não deve ser apenas de responsabilidade dos preparadores físicos.
A Psicologia do Esporte, portanto, deve estar totalmente inserida e integrada no contexto esportivo de tal maneira, que, como afirma Valdés, (1996), ” a aplicação das habilidades e dos conhecimentos psicológicos deve estar estreitamente relacionada aos princípios, leis e etapas mediante os quais se dirige o processo de treinamento desportivo.”
Não podemos aceitar que a psicologia seja apenas uma “área de apoio”, tenha um papel secundário e remediador na rotina de treinamento esportivo. A Psicologia do Esporte deve efetivamente ser integrante das comissões técnicas e como tal participar ativamente das ações, planejamentos e execuções das atividades durante toda a temporada.
Segundo Valdés e Brandão (2007),
“os psicólogos do esporte contemporâneos estão empregando o ensino de habilidades mentais como relaxamento, o controle da respiração e da atenção, a imaginação, a prática mental etc. Mas, a nosso ver, este tipo de trabalho acabou levando a algo mais grave: a separação da preparação psicológica e do treinamento desportivo como se fossem duas realidades diferentes e a presença do psicólogo e do treinador como duas figuras responsáveis de aspectos separáveis, quando, na realidade, se trata de um processo único. Isto, em muitas ocasiões, pode levar a um duplo papel de autoridade, prejudicial ao rendimento esportivo.”
Balague (2001), coloca que cada fase do treinamento tem requisitos psicológicos diferentes e, por isso, para que se obtenha um ótimo rendimento é necessário que as habilidades psicológicas sejam estimuladas e desenvolvidas conjuntamente com as capacidades físicas e as habilidades técnicas e táticas. Nesse sentido, a preparação psicológica é distribuída em função da periodização dos macrociclos preparatórios, competitivos e transitórios.
Segue abaixo, exemplo de modelo das Esferas Psicológicas para a Periodização (Markunas, 2003).
De acordo com José Maria B. (1998), a incorporação da Psicologia do Esporte na área do treinamento desportivo pode ser decisiva para que os atletas tolerem e controlem devidamente os elementos motivantes ou estressantes dos treinamentos e das competições, desenvolvendo e fortalecendo, assim , sua capacidade como atletas e competidores. Basicamente, esta incorporação pode influenciar na planificação do treinamento; na aprendizagem das habilidades; no treinamento para as competições; na dinâmica do grupo esportivo e no desempenho do papel do treinador.
Para Korsakas e Marques (2005),
“se a periodização compreende o planejamento do treinamento esportivo, quando se fala sobre a preparação psicológica integrada aos outros processos desse treinamento, não poderíamos tratá-la de forma diferente. Basicamente por dois motivos: o primeiro pela necessidade de combinar a preparação do atleta considerando-o como uma totalidade, que atuará empregando todo o seu potencial (aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos) na busca dos objetivos da competição; o segundo pela necessidade de utilizar a preparação psicológica adequadamente, sem acreditar que palestras motivacionais, filmes ou conversas, isoladamente, poderiam dar conta de uma preparação com qualidade.”
Podemos observar no quadro abaixo, um modelo de Periodização para Preparação Psicológica no Basquetebol, proposto por Korsakas e Marques (2005).
Se os aspectos psicológicos não forem efetivamente levados em conta durante a periodização do treinamento esportivo, não existe periodização consistente e haverá lacunas graves na preparação global de atletas de alto rendimento.
Referências:
Korsakas e Marques (2005). A preparação psicológica como componente do treinamento no basquetebol, in: Basquetebol: uma visão integrada entre ciência e pratica. De Rose Jr. e Tricolli. Manole ED.
Markunas, M. (2003). Periodização da Preparação e do Treinamento Psicológico. Psicologia do Esporte: Teoria e Prática. Rubio, K. (org). Casa do Psicólogo Ed.
Váldes e Brandão (2007). Modelos de Prática Profissional na Psicologia do Esporte. Coleção Psicologia do Esporte e do Exercício, volume 1: Teoria e Aplicação. Ed. Atheneu.
***
Abraços..
Até !!!