A Personalidade Ideal no Esporte: Será que Existe?

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Existe um tipo de “personalidade” ideal para atletas de futebol ou de qualquer outra modalidade coletiva?

Frequentemente, o que se chama de “atleta de personalidade” é aquele aguerrido, com “raça”. No entanto, alguns comentaristas esportivos confundem isso com o atleta que extrapola sua agressividade – o que, claramente, é ruim. Aquela ideia de que pessoas com um temperamento explosivo…

…seriam os líderes ideais. Afinal, o capitão precisa ser um líder “falastrão”, esbravejar, não levar desaforo para casa, gritar com os companheiros, peitar os árbitros, mostrar os “brios”? Energético, colérico, truculento: será mesmo essa a fórmula?

A verdade é que lideranças se manifestam de diversas maneiras, e não existe uma única correta ou ideal.

O Preconceito contra a Introversão

Infelizmente, esse viés é um traço relativamente comum na análise do futebol. Durante seu tempo no Arsenal, Mesut Özil – descrito por seu primeiro treinador, Ralf Maraun, como “muito pequeno, quieto, introvertido” – era rotineiramente criticado por não exibir um nível de motivação mais explícito. Seus críticos foram incapazes, ou não quiseram, olhar para os elementos que realmente influenciam a motivação, como autonomia, competência e coesão, e concluíram, erroneamente, que a extroversão seria um indicador confiável de um jogador.

Gareth Bale é outro exemplo eloquente. Simon Clifford, que supervisionou o desenvolvimento de Bale como jogador juvenil no Southampton, falou de um jovem “do lado de fora, olhando para dentro” ao retratar o relacionamento de Bale com contemporâneos como Theo Walcott. A descrição também poderia ser aplicada ao tempo do galês no Real Madrid. Lá, sua falta de carisma evidente em campo e suas aparições mais discretas na mídia (quando comparado a companheiros como Cristiano Ronaldo) eram frequentemente citadas como “evidência” de falta de compromisso com o clube espanhol.

Neste excelente artigo da Player’s Tribune de 2019, Kevin De Bruyne fala sobre enfrentar desafios semelhantes aos de Bale durante seus primeiros dias como jogador profissional:

“Desde menino, sempre fui extremamente quieto, extremamente tímido. Não tinha um PlayStation. Não tinha muitos amigos íntimos. A forma como me expressei foi através do futebol, e fiquei muito contente com isso. Fora do campo, eu era muito introvertido. Eu não diria uma palavra para você. Mas no campo, eu era tão inflamável.”

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O Triunfo de Ser Si Mesmo

É nesse contexto que a conquista da Argentina, e o triunfo de Lionel Messi, na Copa do Mundo do Catar devem ser celebrados. Este foi um exemplo de um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos deixando sua marca na história… à sua maneira. Messi não cedeu às exigências externas de se tornar mais parecido com Maradona em termos de personalidade explosiva. Em vez disso, ele se influenciou com as conquistas de seu herói simplesmente sendo Messi.

Exemplos como o de Messi, Bale, De Bruyne, Özil não são únicas exceções. Em todas as modalidades esportivas sejam elas coletivas ou individuais personalidades diferentes das cultuadas pela mídia podem obter sucesso. Há diferentes tipos de lideranças que são exercidas positivamente apenas pelo exemplo a ser seguido, com assertividade, calma e sem atitudes extravagantes. É um estilo que também deveria ser exaltado no contexto esportivo. Toda diversidade é bem vinda.



Referências:



https://themindroom.substack.com/p/leo-messi-a-celebration-of-introversion?utm_source=direct&r=1kagjs&utm_campaign=post&utm_medium=web

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Abraços !!!
Até …

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