Entrevista – Andréa Pesca

O post de hoje é uma entrevista com a colega psicóloga do esporte, Andréa Pesca atua em Florianópolis. Mais um bate papo bacana do blog para divulgar os profissionais que desenvolvem a nossa ciência.

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Blog – Conte um pouco de sua trajetória na Psicologia do Esporte?

Andréa – Comecei a me inserir na psicologia esportiva ainda na faculdade quando fiz estágio no Avaí F.C. e logo que me formei eles me contrataram como psicóloga das equipes de base. Em menos de 1 ano já estava trabalhando com a equipe profissional, por lá fiquei por quase 9 anos. Além do futebol, estava  atuando também com a equipe de tênis. Nesse meio tempo fui me aprofundando, com duas especializações e o mestrado em psicologia com enfoque em psicologia do esporte. Sai do Avaí F.C. para fazer meu doutorado e continuei trabalhando no contexto esportivo, porém agora no consultório, tanto com atletas como com praticantes de exercício (tênis, triathlon -ironman, motocross, vela, entre outros). Sempre atuei paralelamente na área acadêmica. Atualmente sou professora no CESUSC (Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina) e na Faculdade Avantis, nas disciplinas Psicometria, Avaliação Psicológica e Psicologia do Esporte.

Blog – Santa Catarina vêm se destacando no cenário nacional principalmente pelos grupos de pesquisa ligados as universidades. Comente um pouco sobre isso?

Andréa – Acredito que Santa Catarina se fortaleceu na área porque era sempre esquecida, mas principalmente porque os primeiros profissionais a iniciarem estudos resolveram valorizar e fortalecer as pesquisas e cada vez querem evoluir. Hoje podemos dizer que Santa Catarina já é reconhecida pelos pesquisadores brasileiros pelo excelente nível dos estudos que desenvolvemos.

Blog – Você esteve um período estudando nos Estados Unidos. Compartilhe conosco um pouco dessa experiência?

Andréa – Eu morei por apróximadamente 4 meses em East Lansing – Michigan onde fiz meu doutorado sanduíche na Michigan State University fazendo parte do grupo da Professora Deborah Feltz e do Professor Daniel Gould. Foi uma experiência única que acrescentou demais na minha profissão, pois em termos de pesquisa eles estão mais adiantados, porém em termos de prática profissional é muito semelhante a nossa realidade, o que particularmente é muito bom, pois nós aprendemos com eles através de seus estudos. Lá pude enriquecer muito minhas pesquisas, assim como trocar minha tese de doutorado faltando 1 ano para minha defesa, mas tive total incentivo da Dra Feltz, assim como do meu orientador no Brasil, com isso, acabei trazendo para o cá um construto até então não estudado por aqui. Enfim, acredito que uma experiência fora do país, mesmo que em pouco tempo, faz uma grande diferença para nós.

Blog –  O que é possível transferir da realidade americana para a nossa?

Andréa – Como já mencionei acima, acredito ser a experiência em pesquisa que eles tem, pois eles tem recurso do governo para pesquisar, além da estrutura das universidade com as suas equipes esportivas que estão abertas. À estudos e consultoria em Psicologia do  Esporte. Eles aceitam e acreditam na nossa área, ou melhor, valorizam nossos estudos e nossa prática.

Blog– Basicamente, como se aplica a Autoeficácia e as ideias de Bandura no Esporte?

Andréa – Na realidade para o contexto esportivo os estudos de Bandura sobre autoeficácia foram modificados ou melhor ampliados, levando em consideração o contexto a ser estudado. Quem é responsável por trazer a teoria de Bandura ao esporte é a Dra Deborah Feltz da Michigan State University quem vem desde a década de 80 estudando este tema  em atletas e mais tarde estende aos treinadores, porém desenvolvendo um novo construto “Eficácia de Treinamento” o qual é baseado na Teoria da Autoeficácia e diz respeito a confiança do treinador na sua habilidade de afetar o aprendizado e a motivação de seus atletas. A autoeficácia especificamente é estudada como o julgamento que o atleta faz de suas próprias habilidades em determinada situação e momento, este construto vem auxiliar os profissionais envolvidos no esporte e analisar como o atleta se percebe no esporte, relacionando com a autoestima, autoconfiança e a motivação. Este fenômeno contempla seis dimensões para o contexto esportivo sendo eles: desempenhos realizados no passado; experiências vicárias; persuasão verbal; experiências imaginativas; indicadores fisiológicos e indicadores emocionais, com isso quem trabalhar com atletas, buscando entender a autoeficácia não pode deixar de levar em consideração estas dimensões.

Blog – A Psicologia do Esporte ainda é uma área restrita para a atuação profissional no Brasil. O que falta para alavancar e estar presente no cotidiano esportivo?

Andréa – Ao meu ver a psicologia esportiva já evoluiu muito, mas precisa crescer muito mais e para isso precisa ser mais valorizada, principalmente pelos dirigentes esportivos, pois são eles que abrem as portas para os nossos trabalhos. Mas vale lembrar que muitos treinadores e atletas já são adeptos da psicologia do esporte, buscando muitas vezes por conta própria o auxilio de um profissional. Outro ponto que acredito ser de suma importância para o fortalecimento da área é a união dos profissionais que atuam nesse campo do conhecimento, assim como a inserção de disciplina regular ou até mesmo optativa na graduação de Psicologia, pois na maioria das vezes, as disciplinas relacionadas a Psicologia do Esporte estão inseridas nas faculdades de Educação Física.

Blog–  Qual a dica para os interessados em ingressar na área?

Andréa – Tentar se inserir em grupos de pesquisa, de estudo ou de trabalho desde a graduação para que possam conhecer o que fazemos, já que, é pouco explorada nas universidades, principalmente nos cursos de Psicologia. Além disso, quem quer trabalhar com Psicologia do Esporte de maneira geral, precisa acima de tudo gostar de desafios e ter facilidade para trabalhar com  profissionais de diferentes formações.

Blog – Você juntamente com outros colegas estão organizando o CONBIPE que iniciará em poucas semanas. Quais são as expectativas? Qual é a importância desse evento para a região de Florianópolis e para a Psicologia do Esporte brasileira?

Andréa – Nosso maior desejo desde o inicio dos planejamentos é de trazer aos interessados na área não só pesquisas científicas, mas sim também a prática profissional, com colegas que estão representando nossa classe em confederações, clubes esportivos e com atletas individuais. O que nós que estamos a frente do CONBIPE (XV Congresso Brasileiro e VIII Congresso internacional de Psicologia do esporte e do exercício: Copa 2014 e Olímpiadas 2016 um incentivo ao esporte e ao exercício), queremos é trazer inovação, criatividade, união e troca a todos os palestrantes e participantes do congresso. Este evento só tende a valorizar a região de Florianópolis, mostrando que temos um ótimo grupo de profissionais que estão estudando e atuando para fortalecer a cada dia mais esta área, queremos ainda deixar Florianópolis como referência em Psicologia do Esporte, principalmente com enfoque na  avaliação psicofisiológica e avaliação psicométrica no esporte. O CONBIPE será dias 06 a 09 de novembro. O Congresso faz parte da SOBRAPE (Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte do Exercício) que em 2013 ainda conta com o auxilio da SACAPE (Sociedade Catarinense de Psicologia do Esporte e do Exercício e parceria do CESUSC (Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina). Para maiores informações acesse: www.conbipe.com.br

conbipe

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Contato profissional: Facebook: Andréa Pesca; E-mail: adpesca07@gmail.com

Abraços

Até!!!

1 comentário em “Entrevista – Andréa Pesca”

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