Durante muito tempo, dizia-se que seria melhor, principalmente, para as crianças ficarem sentadas lendo um livro, aprenderem uma língua estrangeira ou um instrumento musical em vez de correr atrás de uma bola, por exemplo. E quem quisesse manter seu potencial intelectual deveria exercitar preferencialmente o cérebro. Engano! Na verdade, a ciência têm comprovado que atividades físicas e mentais estão intimamente associadas. Não é novidade que a atividade física moderada e regular estimula e mantém a saúde do corpo. O que cada vez mais pesquisadores tem comprovado é que a prática não fortalece apenas o coração e os músculos, mas também a capacidade mental, ajuda crianças a se desenvolver melhor, é aliada no combate à depressão e torna mais lento o declínio intelectual atrelado à idade.
Um estudo de Lisa Weinberg, mostra que realizar exercícios físicos intensos durante 20 minutos por dia pode melhorar a memória episódica em adultos em até 10%. Nas crianças entre 9 e 10 anos que estão em melhor forma física, possuem mais matéria branca em seu cérebro, isso quer dizer que, essa parte do sistema nervoso central é a responsável por transmitir os sinais nervosos de uma região do cérebro para outra e quanto mais compacta for, mais rápida e eficiente será a atividade neuronal.
A organização brasileira Atletas pelo Brasil descreveu em carta recente aos presidenciáveis, os benefícios do esporte na escola:
“Na educação, o esporte vem trazendo resultados surpreendentes. O esporte e a atividade física resultam em menos faltas a aulas e mais pontuação em testes cognitivos. Em projeto de esporte nas escolas em sua meta de legado das Olimpíadas, a Inglaterra implantou o esporte de qualidade em 450 escolas britânicas e mediu o impacto. O resultado mostrou melhoria no aprendizado em matérias como inglês e matemática além de melhorias pessoais e sociais como melhor autoestima, trabalho em equipe, cooperação e responsabilidade. No entanto, no Brasil, isso não é prioridade. Somente 30% das escolas de educação básica têm quadras e não há professores de educação física em todas as escolas, o que faz o país não aproveitar da forma adequada o enorme potencial do esporte na educação.”
Laura Chaddock-Heyman, psicóloga da Universidad de Illinois, diz:
” cada vez mais as escolas contribuem para um estilo de vida sedentário eliminando ou reduzindo a atividade física que se realiza no horário escolar, porém, sabemos que os exercícios aeróbicos estão relacionados com os tamanhos das estruturas cerebrais assim como o seu funcionamento.”
Alunos que se exercitam mais se dão melhores em testes e tiram boas notas do que colegas que são sedentários. Várias dessas comparações entre os que gostam de se exercitar e outros mais ociosos apontam na mesma direção: os ativos tem melhores resultados em quesitos como atenção, memória e capacidade intelectual, conseguem reter mais informações, as processam melhor e demoram mais a se cansar.
Exercícios físicos aeróbicos estão associados a uma melhor cognição em jovens. É o que mostrou um estudo realizado pela Universidade de Gotemburgo com mais de 1 milhão de homens de 15 a 18 anos e publicado na última edição da “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Há particularmente dois efeitos importantes do exercício sobre o sistema nervoso, em qualquer pessoa independentemente da idade: estimula o crescimento vascular e neuronal. Exercícios de resistência moderados tem efeito positivo não apenas sobre o corpo, mas também sobre o cérebro. A atividade física estimula, estabiliza e protege o condicionamento mental. Nos últimos anos, pesquisadores têm esclarecido os mecanismos desse efeito: várias substâncias que facilitam a circulação sanguínea e a reorganização neuronal revelaram-se benéficas para o cérebro. Elas são produzidas de forma intensificada durante atividades musculares.
Na verdade, o exercício e as experiências associadas a ele influenciam posturas e hábitos que afetam o caminho a ser seguido na vida. Por isso, a diversão deveria estar em primeiro lugar: uma atividade escolhida por vontade própria e divertida que gere experiências de sucesso. Isso estimula crianças efetivamente e também os adultos na adesão a pratica de atividades esportivas e mudanças de hábitos.
Embora os esforços para fortalecer a capacidade de aprendizagem, planejamento e memória não possam evitar o declínio em nosso desempenho cognitivo, é surpreendente a poderosa ligação entre atividade física e a acuidade mental. Em estudo publicado em 2006, o psicólogo Stanley J. Colombe, da Universidade de Illinois, coordenou um grupo de pesquisadores que examinou a influência da ginástica em mudanças potenciais na estrutura cerebral. O experimento de seis meses incluiu 59 pessoas saudáveis, mas sedentárias, que residiam na comunidade, com idade entre 60 e 79 anos. As imagens cerebrais depois do treinamento com ginástica mostraram que mesmo intervenções com exercícios relativamente curtos restauravam algumas das perdas de volume cerebral associadas com o envelhecimento normal.
Para o Neuropsiquiatra de Harvard John Ratey:
“os exercícios regulam ansiedade e níveis de estresse, a habilidade de perseverar e superar as frustrações que o processo de aprendizado eventualmente produz, criam o ambiente certo para nossas cem bilhões de células nervosas, fabricando mais neurotransmissores e receptores para registrar novas informações; e promovem o surgimento de novas células no cérebro, um processo chamado neurogênese. As pessoas estão gradualmente reconhecendo o fato de que a atividade física é uma terapia auxiliar útil para desordens mentais e médicas. Hoje o primeiro tratamento para a depressão ou a ansiedade são exercícios regulares. Há dez anos a Câmara dos Comuns do Reino Unido disse que os exercícios deveriam ser o tratamento primário para a depressão, então eles estão na mente das pessoas e começando a ter aceitação na comunidade médica.”
Quer manter-se ativo, promover sua saúde mental e desenvolver usa inteligência? A solução parece bem simples. Para tanto, não é necessário nenhum esforço absurdo ou tortura, pelo contrário: o limiar da ‘dose salutar’ é surpreendentemente baixo. Incluir passeios a pé ou de bicicleta na rotina (quase) diária já cumpre o objetivo.
Referencias:
Revista Mente Cérebro, ano XVII, número 211. Agosto 2010. http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2014/02/quer-ser-mais-inteligente-corra.html
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u662790.shtml
http://oglobo.globo.com/saude/exercicios-regulares-para-deixar-cerebro-em-forma-4764664
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/exercicio-fisico-melhora-desempenho-escolar-diz-estudo
http://atletaspelobrasil.org.br/carta-aberta-aos-candidatos-a-presidencia/
Abraços.
Até!!!
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