Entrevista – Marta Minopoli

Dando continuidade a série de entrevistas do blog, “Quem faz a Psicologia do Esporte”, conversei com Marta Minopoli,  da Seleção Brasileira de Tiro com Arco. Confira e conheça um pouco do trabalho que a colega desenvolve.
*(vale ressaltar que todas as fotos que aparecem no post foram previamente autorizada pelos atletas)
 Entrevista - Marta Minopoli
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Blog: Fale um pouco sobre a sua formação e sobre a sua carreira?
Marta: Sou formada em Psicologia pela Puc-Campinas e fiz Pós-Graduação (Especialização em Psicologia do Esporte) pelo Sedes Sapientiae de São Paulo.
Trabalho há 5 anos com atletas de diversas modalidades, tanto na clínica quanto em clubes.
Hoje sou Psicóloga da Confederação Brasileira de Tiro com Arco e trabalho num projeto piloto chamado Masterplan 2016. Este projeto visa uma medalha Olímpica no Rio 2016.
Para isso, 10 atletas estão alojados em Campinas, sendo 5 homens e 5 mulheres.
Eles recebem um salário por mês, equipamentos de ponta, além de alimentação, academia e toda a infraestrutura de um clube para poder treinar.
Este projeto tem apoio do COB – Comitê Olímpico Brasileiro.
Entrevista - Marta MinopoliBlog:  Nos conte um pouco sobre a modalidade, já que a mesma é ainda pouco divulgada.

Marta: O tiro com arco, utiliza um arco e flechas com o objetivo de atingir um alvo. Surgiu como atividade de caça e guerra  nos primórdios da civilização.  Com a criação de armas de fogo retirou-se do arco e flecha sua função bélica, levando-o a um declínio em sua popularidade.

O  tiro com arco foi introduzido nos Jogos Olímpicos modernos em 1900, sendo disputado até 1920.  A partir de 1972 em Munique  com a adoção das regras da FITA (Federação Internacional de Tiro com Arco), a modalidade voltou à condição de esporte olímpico.

No tiro com arco moderno são utilizados principalmente dois tipos de arco: o recurvo e o composto. O arco recurvo é o único tipo de arco permitido nos Jogos Olímpicos. Basicamente um arco recurvo é composto por lâminas, punho e corda. Adicionalmente são acrescentados outros componentes, como mira, estabilizadores e outros.

Algumas competições internacionais utilizam a qualificação  (Fita Round), no qual os arqueiros atiram a distâncias de 90, 70, 50 e 30 metros para homens e 70, 60, 50 e 30 metros para mulheres, disparando 36 flechas em cada uma. Após isso segue-se o combate em duplas, que determinará o campeão do torneio.

Blog: Como é o seu trabalho com os atletas brasileiros?

Marta: Meu trabalho como psicóloga do esporte é realizado através de encontros individuais e participação nos treinamentos, além do acompanhamento em competições.

O trabalho iniciou com as anamneses e avaliações individuais e depois partiu para as intervenções.

Todo o trabalho é realizado em conjunto com a comissão técnica e visa obter melhora no rendimento e no bem estar emocional dos atletas. O objetivo é conhecer e analisar as situações que são produzidas ao longo dos treinos e competições e as necessidades e os recursos psicológicos dos atletas para poder otimizar o rendimento.
Blog: Nos fale um pouco sobre as habilidades psicológicas mais necessárias para praticantes desse esporte.
Marta: O Tiro com Arco é uma modalidade esportiva que exige muita concentração e preparo mental.

O arqueiro, para entrar no alto rendimento,  deve repetir inúmeras vezes o tiro até que atinja uma consistência e qualidade técnica. Após isso entramos na parte mental.

São trabalhadas as seguintes habilidades psicológicas: concentração (foco), autoconfiança, auto-fala, capacidade de competitividade do atleta, o autocontrole, a ansiedade e visualização.

Blog: Seu trabalho também se estende aos colegas de comissão técnica?
Marta: O trabalho com a comissão técnica é focado na comunicação. Nosso técnico é Coreano e ainda fala pouco o português, por isso tento transmitir as dificuldades que os atletas apresentam para o técnico.
Blog: Você acabou de retornar do pré-olímpico com a equipe, como foram os resultados?
 Marta: Participamos no final de abril da Seletiva Olímpica em Medellin na Colômbia. Neste torneio foram disputadas 3 vagas individuais por país.
O Brasil terminou o torneio em 2o e 3o lugares, mas como só tinha uma vaga por país, o 4o. também ficou classificado.
No feminino chegamos perto, mas infelizmente não conseguimos a vaga.
Em junho terá mais uma seletiva olímpica, desta vez em Ogden (EUA), onde serão disputadas vagas individuais e vagas por equipe.
Em Ogden vamos disputar a vaga individual feminina e também a vaga por equipe masculina.
Caso o Brasil não consiga a vaga por equipe em Ogden, o melhor classificado nesta competição será o atleta que irá representar o Brasil em Londres.
Gustavo Trainini, Marta Minopoli, Daniel Xavier e Bernardo Oliveira.Blog: O que podemos esperar dos atletas brasileiros para os jogos olímpicos de Londres?
Marta: O nível da modalidade em Londres é muito alto. O objetivo é adquirir experiência ao competir com os melhores do mundo e nos prepararmos para uma medalha olímpica no Brasil em 2016.
Blog: Quais são as principais dificuldades que você encontra (se é que elas existem)?
Marta: Como em toda modalidade que tem apoio financeiro externo, algumas burocracias acabam desmotivando e atrapalhando o rendimento de toda a equipe.
Faz parte do meu trabalho tentar intermediar e neutralizar esse tipo de estresse desnecessário.
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Foto 1: Bernardo Oliveira (costas), Daniel Xavier e Gustavo Trainini.
Foto 2: Sarah Nikitin,Marta Minopoli, Ane Marcelle e Monique Gomes.
Foto 3: Gustavo Trainini, Marta, Daniel Xavier e Bernardo Oliveira.
Para conhecer mais sobre a modalidade: http://www.cbtarco.org.br/
Para contato com Marta escreva para: marta_minopoli@hotmail.com
Abraços
Até!!!

1 comentário em “Entrevista – Marta Minopoli”

  1. Que ótima entrevista, fico muito contente com a inserção do psicólogo em varias modalidades como o Tiro com Arco. Parabéns Marta.
    Abraços.

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